17 de novembro de 2010

Carta ao medo

 Caro medo,
         perdoe a franqueza, mas eu não te quero mais. Vou ser bem direta: quero você vá embora. Cansei de você. Já deixei muitas coisas de lado por sua causa. Me arrependo de todas as vezes em que te ouvi. Deixei-o falar mais alto, deixei-o me dominar.
         Sinceramente, você não me faz falta. Pode ir embora, a porta está aberta. Quando sair, não olhe para trás. Jogue a chave fora, eu não quero que você volte. Por precaução, vou trocar as fechaduras do meu coração. Agora só entra quem eu quiser.
         Leve com você todo o mal que me causou. Leve com você toda a angústia que te alimenta e me enfraquece. Seu modo inconstante de ser me faz perder a razão. Em um dia, me abandona. Foge. Noutro, volta com mais intensidade. Resurge. Vá embora de uma vez e me deixe viver em paz.
         Ah, meu querido detestável medo, eu sei que você vai querer voltar. Quando essa vontade vier, pergunte como eu tenho estado para quem ainda mora aqui. Não importa para quem você pergunte, a resposta será a mesma: muito melhor sem você.
         Foi péssimo ter você comigo, apesar da compensação do aprendizado que tive ao longo dos anos contigo. Contudo, esse é o fim.


                                                                                          Atenciosamente,
                                                                          aquela a quem você não pertence mais.

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